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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Papa nega ser de direita e se abre aos divorciados e gays

imagemO papa Francisco desmentiu que seja de direita em uma longa entrevista concedida à revista dos jesuítas, na qual convida a refletir sobre o papel da mulher na Igreja e a “curar as feridas” de gays e divorciados, em vez de condená-los.
Em uma longa entrevista concedida em italiano à revista Civilta Cattolica, o papa de nacionalidade argentina falou sobre sua “forma autoritária e rápida de tomar decisões”, que o levou “a ser acusado de ultraconservador” na Argentina, e da necessidade que a Igreja tem de “acompanhar as pessoas a partir de sua condição” de divorciados ou homossexuais.
“Minha maneira autoritária e rápida de tomar decisões me trouxe problemas sérios e cheguei a ser acusado de ultraconservador. Tive um momento de grande crise interior quando estava em Córdoba. Certamente não fui como a beata Imelda, mas jamais fui de direita. Foi a minha maneira autoritária de tomar decisões que me criou problemas”, reconheceu.

Francisco relembrou os anos em que foi provincial (chefe) dos jesuítas na Argentina, tema que gerou polêmica no início de seu pontificado pelo fato de ter evitado se pronunciar sobre os desaparecidos durante a ditadura militar (1976-1983).
“Tinha 36 anos: uma loucura. Precisava enfrentar situações difíceis, e eu tomava as minhas decisões de forma brusca e personalista”, reconheceu na longa entrevista de 27 páginas.
“Curar feridas, dar calor”
Ao analisar a situação atual da Igreja, o papa reconhece que a instituição milenar precisa de reformas e afirma que considera urgente “curar feridas”, “dar calor” e “acompanhar as pessoas a partir de sua condição”, o que inclui os homossexuais e os divorciados que voltaram a se casar.
“Em Buenos Aires recebia cartas de pessoas homossexuais que são verdadeiros ‘feridos sociais’, porque me diziam que sentiam que a Igreja os condenava. Mas a Igreja não quer isso”, comentou Francisco.
“Nesta vida Deus acompanhar as pessoas e é nosso dever; acompanhá-las a partir de sua condição. É preciso acompanhar com misericórdia”, insistiu.
O papa reconheceu que a Igreja tem sido obcecada com temas como o aborto, o casamento homossexual ou o uso de anticoncepcionais.
“Não podemos continuar a insistir apenas nessas questões. É impossível. Falei muito a respeito delas e recebi críticas por isso”, ressalta.
“Temos, portanto, que encontrar um novo equilíbrio, porque de outra maneira o edifício moral da Igreja corre o risco de desabar como um castelo de cartas, de perder a frescura e o perfume do Evangelho”, insistiu.
“A proposta do Evangelho deve ser mais simples, mais profunda e irradiante”, disse.
O papel da mulher na Igreja
A inédita entrevista foi concedida ao jesuíta Antonio Spadaro, durante três sessões em um total de seis horas durante o mês de agosto e foi publicada simultaneamente em 16 revistas da Companhia de Jesus em todo o mundo. Nela, Francisco reflete sobre o papel da mulher dentro da Igreja.
“É necessário ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”, assegura o papa, que ressaltou que “o gênio feminino é necessário nos locais onde são tomadas decisões importantes”.
“Maria, uma mulher, é mais importante que os bispos. Digo isso porque não se pode confundir a função com a dignidade”, sustenta o papa, que defende a elaboração de “uma teologia profunda da mulher”.
“Enfrentamos hoje este desafio: refletir sobre o posto específico da mulher, inclusive ali onde é exercida a autoridade nos âmbitos da Igreja”, ressaltou.
“Temo a solução do ‘machismo com saias’, porque a mulher tem uma estrutura diferente do homem”, admite.
Spadaro, que confessou que entrevistar Francisco foi como estar diante de “uma espécie de fluxo vulcânico”, pediu que ele se definisse.
“Sou uma pessoa desperta”, mas ao mesmo tempo “bastante ingênua”, que prefere o contato pessoal, contou o primeiro papa jesuíta da história.
“Da Companhia de Jesus me impressionaram três coisas: seu caráter missionário, a comunidade e sua disciplina. Isso é curioso, porque sou um indisciplinado nato, nato, nato”, confessou. (Agence France-Presse/Diario de Pernambuco)
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