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domingo, 27 de outubro de 2013

Uma análise dos núcleos temáticos da Redação do Enem 2013 divulgados pelo MEC

Redação do enem_thumb[650]
Na última sexta-feira, o Ministério da Educação enviou à imprensa um release  em que apontava três possíveis núcleos temáticos para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio,
que acontecerá neste domingo(27).
De acordo com o MEC, o tema da redação deste domingo poderá ser político, social ou cultural. 
Neste texto, uma análise feita sobre as possibilidades temáticas ligadas a esses núcleos, com os pontos mais relevantes discutidos neste ano.
Em se tratando do primeiro núcleo, ligando isso aos fatos mais atuais,podemos pensar:
Quanto ao núcleo POLÍTICO, o tema poderia estar voltado para Voto-Democracia – Reforma política.
Considerando que o Brasil já foi redemocratizado há 29 anos, é possível discutir as razões de o voto ainda ser obrigatório no país. Além disso, é importante lembrar que, de acordo com o o Tribunal Superior Eleitoral, 3/4 dos votos brancos e nulos nas últimas eleições foram de jovens.

Isso reflete a insatisfação da juventude com a representatividade política no país. Tal aspecto foi um dos principais debates ocorridos durante as manifestações de rua  em junho deste ano, quando multidões de manifestantes (maioria formada de jovens) rejeitaram representatividade partidária nos movimentos.
Casando com esse aspecto, ainda  se faz importante lembrar que o Brasil está comemorando 25 anos de Constituição brasileiraA chamada ‘Constituição Cidadã‘ poderia ser abordada, ligando, inclusive, os três núcleos anunciados pelo MEC.
Politicamente, pode- se observar exatamente em que nível de democratização o Brasil se encontra [ há excesso de partidos? é preciso repensar o processo de participação do cidadão comum em candidaturas? Por que o número de mulheres na política ainda é tão baixo, apesar de o Brasil estar sob o comando, pela primeira, de uma mulher presidente?]
Além disso, a Constituição Cidadã está intimamente ligada ao respaldo que se deu à Lei da Anistia, de 1979, já questionada várias vezes, no STF, a fim de buscarem punições a criminosos da ditadura . Essa abordagem também suscita memória à Comissão da Verdade, que está atuando em investigações do período ditatorial, além de fazer refletir se a liberdade de expressão é ampla e irrestrita depois desses 25 anos.
Socialmente, a Constituição Cidadã pode ser discutida quanto aos direitos adquiridos como os dos indígenas, agora ameaçados pela PEC 215, como os dos quilombolas e de tantos outros grupos sociais, já que foram 120 Emendas populares que compuseram o texto final.  Esses são pequenos exemplos de uma pergunta que o aniversário suscita como tema: “A Constituição Cidadã garantiu, efetivamente, os direitos à cidadania plena nesses 25 anos? Esse tema é altamente transversale abrange os três núcleos citados pelo MEC.
Com relação ao núcleo SOCIAL a que se referiu o MEC; este ano, a abordagem foi ampla durante todo 2013. Um dos temas mais trabalhados foi o aumento da expectativa de vida no Brasil , coincidindo com os 10 anos do Estatuto do Idoso. É importante discutir que avanços ocorreram e que  desrespeitos e desafios os cidadãos de terceira idade ainda enfrentam no Brasil. De acordo com o Disk denúncia de violência contra o idoso, houve aumento de quase 30% em número de agressões,  nos dois últimos anos. Algumas cidades do país, inclusive, já abriram delegacias especiais só para combater a violência contra os idosos.
Outro tema muito trabalhado foi a Mulher no século XXI: suas conquistas e desafios. Sexismo, Mercado de trabalho, envolvimento na política, nível de escolaridade, opção sexual diversa, aborto – esses são alguns dos pontos a serem pensados. Malala, a garota paquistanesa que quase morreu em defesa do acesso á educação por meninas de seu país, deve ser lembrada num tema como esse ou algo relacionado à luta jovem , ou , ainda, ligado à importância da educação.
A juventude brasileira seria, na verdade, o grande ponto de abordagem temática este ano. Não apenas pelas mobilizações de junho, que mostraram um ciberativismo evoluindo à prática urbana, ao ativismo de rua , tirando os jovens da inércia que se estendia desde o movimento Diretas Já; mas também, porque, em julho deste ano, o Congresso Nacional aprovou o Estatuto da Juventude, que prevê inúmeros avanços – que vão da política, do social ao cultura em termos de direitos adquiridos.
O Estatuto da Juventude está direcionado à faixa etária dos 15 aos 29 anos – justamente o grupo que compõe o maior índice de desemprego no Brasil. Além disso, está entre jovens de 15 a 24 anos o maior número de homicídios ocorridos no país, segundo o Mapa da Violência 2013. Um dado estarrecedor é o número de jovens negros na Paraíba, que são vítimas de assassinato  18 vezes mais que os brancos.
Outro aspecto profundamente debatido este ano foi o da Maioridade penal. Novo debate sobre a criminalidade entre jovens, o grau de atrocidade dos crimes, o sistema de reeducação e reinclusão social no país, que não funciona nesses aspectos. Casos como o do jovem universitário assassinado em frente às câmeras do seu prédio em São Paulo, por um jovem que completaria 18 anos três dias depois de cometer o crime, como o da barbaridade  de adolescentes que incendiaram uma dentista, como o do adolescente corintiano que assumiu ter sido o culpado pela morte de uma criança num estádio na Bolívia levantaram muitas polêmicas sobre o tratamento dado a esses jovens infratores.
Ligando-se à questão SOCIOAMBIENTAL,  que foi tema relevante este ano, têm-se a mobilidade urbana e o alto grau de violência no trânsito brasileiro, que mata 45 mil pessoas por ano no país., sobretudo pela imprudência em parceria com o álcool, apesar da Lei seca.  Tema ligado às mobilizações de junho, aMobilidade Urbana  talvez seja evitada pelo ministro Mercadante, como se evitou, na prova deste sábado, falar das mobilizações de rua ocorridas este ano. Mas, caso apareça, ainda que em tema transversal,  é absolutamente importante lembrar o paradigma do automóvel, que escravizou o país a um sistema cada vez mais exacerbado do uso do automóvel, a falência brasileira nos planejamentos urbanos municipais (3,8% dos municípios possuem planos de mobilidade, enquanto o Ministério das Cidades tinha, só este ano, R$ 89 milhões destinados à mobilidade, mas só R$ 2 bilhões foram gastos, por falta de projetos dos municípios) e o porquê de os governos não tornarem transparente e competente o uso do transporte público no país. Cada cidade terá que , até 2014, apresentar o seu plano, podendo correr risco de perder verbas federais voltados às melhorias e estruturas urbanas.
Considerando que 2013 é o Ano Internacional da Cooperação pela Água (instituído pela ONU) , a Sustentabilidade e seus 3 eixos – social, ambiental e econômico – deve ser um norteador do debate, mostrando como o comportamento humano ante os recursos naturais está causando , com desperdício e poluição, um dano que pode ferir as próximas gerações. Prevê-se que, em 2025, 50% da superpopulação mundial devam ter problemas com acesso à água. O índice per capita previsto pelo ONU em uso diário da água tem sido altamente desrespeitado pelo Canadá, Estados Unidos, Brasil e muitos outros países, que ferem as 7ª e 8ª  Metas do Milênio – sustentabilidade ambiental e parceria mundial para o desenvolvimento.
Como equilibrar produção alimentar para uma superpopulação de 7 bilhões de brasileiros e manter o equilíbrio hídrico, se 70% de toda água doce do planeta vão para a agricultura? Como fazer com que a ‘pegada ambiental’ de 7 bilhões de pessoas melhore em uma sociedade consumista e inconsciente quanto aos recursos naturais? 
A mesma coisa ocorre com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que exige até agosto de 2015, que todos os municípios tenham feito seu aterro sanitário, acabando com os lixões a céu aberto.  Caso os municípios não cumpram a lei, inclusive de substituir os aterros controlados , também perderão verbas federais. A política da  logística reversa, que já está sancionada, também tem esse prazo para ser totalmente cumprida pelos empresários que produzem os produtos que serão descartados.
Quanto ao núcleo CULTURAL  apontado MEC, duas coisas foram altamente relevantes este ano: a primeira, a questão da ascensão social através da educação. Importante falar da inclusão nas universidades – as cotas que elevaram a participação dos negros na universidade (de 2% saltou para 22% em 10 anos). De igual modo refletir sobre os mecanismo de acesso como Prouni, Fies, Pronatec (este último de preparo técnico para o mercado de trabalho, através do Enem).
Além disso, abordar a relação da educação com o esporte, nesse processo de inclusão social.
Lembrar a universalização do acesso á educação básica (98% matriculados, apesar de 28% não frequentarem com regularidade, apesar de o Bolsa Família exigir esta contrapartida) é muito importante.
Refletir de que modo o Bolsa Família (que está fazendo 10 anos) contribuiu para se chegar a esse número. É relevante pensar, inclusive, que os projetos que relacionam educação e tecnologia ainda não deu resultado qualitativo. Tablets são distribuídos a estudantes, sem qualquer orientação de uso inteligente quanto ao crescimento educacional de leitura das crianças.
Ademais, saber  que a qualidade no ensino brasileiro continua trágico – ganhando apenas para a Indonésia, e que isso reflete, severamente,  a exclusão do jovem no mercado de trabalho, por falta de qualificação profissional. A aprovação de mais verbas para a educação – cujos resultados ainda estão no campo abstrato- deve ser lembrada, como os 75% dos royalts do pré-sal.
Por fim, lembrar que o respeito à diversidade brasileira foi centro de conflitos e reivindicações este ano. O tema “Não somos um Brasil, somos muitos Brasis” possibilitaria , muito bem, uma abordagem transversal, pegando os três núcleos propostos. Leis de defesa às diferenças, mudanças nos perfis familiares, defesa dos direitos étnicos,  alteração de direitos civis e culturais e como isso deve ser respeitado, com tolerância, mesmo que não se concorde-por algum motivo pessoal -ideológico- com as mudanças.
É essencial observar que qualquer um desses núcleos aparecendo como centro temático pode permitir ao candidato usar pontos relevantes, argumentos ligados às temáticas diversas tratadas aqui. Isso se chama transversalidade temática e deve ser considerada uma aliada forte no momento de compor a progressão textual.
 Importante:
O título não é exigido na redação do Enem;
O texto deve ter soluções para problemas apresentados ao longo da argumentação(que deve sem bem consistente, com exemplos e dados);
Está claro, no manual deste ano, que letra ilegível condenará a redação ao zero.
Por Vera Medeiros
Blog: O Povo com a Notícia