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domingo, 13 de julho de 2014

Com Francisco e Bento XVI, final da Copa põe Vaticano em situação inédita

Neste domingo (13), Alemanha e Argentina se enfrentam no Maracanã, às 16h, para disputar a final da Copa do Mundo do Brasil. É a terceira vez que as duas seleções vão se encontrar em busca do título do Mundial, mas será a primeira final de Copa na história em que dois papas vivos, um alemão e um argentino, coabitam o Vaticano e poderão torcer por seus respectivos países e times -- ambos vestidos de branco e sob o título de "Sua Santidade".

Jorge Mario Bergoglio, de 77 anos, é nascido em Buenos Aires. Foi escolhido como pontífice no conclave de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, e optou pelo nome Francisco. É o primeiro papa latino-americano da Igreja Católica e, como bom argentino, é fanático por futebol. Já deu demonstrações públicas de afeto pela seleção de seu país, mesmo com o "pedido de neutralidade" feito por autoridades de outros países.

Seu antecessor, o alemão Joseph Ratzinger, de 87 anos, nasceu na cidade alemã de Marktl am Inn e foi escolhido como Papa no conclave de 2005, após a morte de João Paulo II. Ele optou pelo nome de Bento XVI e renunciou ao cargo em fevereiro de 2013, tornando-se Papa Emérito. Nunca demonstrou publicamente ser torcedor de algum time, mas já reconheceu em um texto o valor do futebol como uma maneira de ensinar a importância do espírito de equipe.

Apesar da situação curiosa no Vaticano, é pouco provável que eles dois assistam ao jogo juntos, segundo informou a Santa Sé.

Pé quente x pé frio?

Durante a gestão de Bento XVI, a seleção da Alemanha não foi tão bem em Copas quanto agora, em 2014. O time alemão caiu em duas semifinais – primeiro em 2006, jogando em casa, contra a Itália; depois em 2010, na África do Sul, contra a Espanha.

Em outros campeonatos em que a seleção atuou, os resultados também não foram animadores. Na Eurocopa de 2008, os alemães perderam a final para a Espanha; na edição de 2012, deixaram o torneio na semifinal, quando a Itália ganhou do time por 2 a 1.

Papa Francisco assumiu em março de 2013 a liderança dos católicos. Sua Argentina não conquista nenhum título importante desde 1993, ano em que venceu a Copa América. Desde que se tornou Papa, o time do país vizinho ao Brasil não participou de nenhum campeonato oficial, apenas da Copa do Mundo, e já está na final.

Time do coração

Publicamente, Bento XVI nunca demonstrou ser torcedor de alguma equipe de futebol de seu país ou de outro.

Já o Papa Francisco é torcedor de carteirinha (literalmente) e sócio honorário do San Lorenzo, de Buenos Aires. Ele já fez várias demonstrações públicas de carinho pela equipe portenha, incluindo receber jogadores e dirigentes no Vaticano.

´Empurrãozinho´

O pontificado de Bento XVI durou quase oito anos (de abril de 2005 a fevereiro de 2013). Nesse período, ele incentivou a criação da Clericus Cup, uma copa entre sacerdotes e seminaristas, e a Seleção de Futebol da Cidade do Vaticano, formada por guardas suíços, venceu sua primeira partida oficial com o placar de 5 a 1 contra o SV Vollmond, da Suíça. A equipe não é filiada à Fifa e, por isso, é considerada amadora.

Já o Papa Francisco tem fama de ser "pé quente". Com 16 meses de pontificado, viu seu time, o San Lorenzo, ser vencedor da primeira divisão do Campeonato Argentino em 2013, avançar nas partidas pela Taça Libertadores da América deste ano.

Depois de eliminar o Grêmio nas oitavas de final e o Cruzeiro nas quartas de final, vai jogar no próximo dia 23 contra o Bolívar, valendo vaga para a final, em agosto.

O que pensam sobre futebol?
Que o melhor vença: na imagem Papa Francisco (esquerda) cumprimenta o Papa Emérito Bento XVI em encontro realizado no Vaticano em dezembro de 2013. (Foto: Reuters)

Erudito, Bento XVI preferiu demonstrar sua opinião sobre o futebol em um texto. No livro “Buscai as coisas do alto”, publicado em 1986, ano do Mundial do México (conquistado pela Argentina do craque Diego Maradona), o então cardeal Joseph Ratzinger escreveu um artigo em que tentava explicar a razão de o futebol ser capaz de envolver tanta gente.

Ele conta que esse esporte tem um caráter de um exercício para a vida, principalmente para as crianças, e que ensina uma harmonia disciplinada ao indivíduo, já que o obriga à união com sua equipe, e que seu sucesso ou fracasso individual está diretamente ligado ao sucesso e ao fracasso do todo. “O fenômeno de um mundo apaixonado por futebol pode nos dar muito mais do que só um pouco de diversão”, reflete Ratzinger.

Já o Papa Francisco é assumidamente apaixonado por futebol. Em vários momentos de seu curto pontificado, mencionou a atividade para tentar levar aos cristãos católicos mensagens de evangelização. Enviou um vídeo de apoio ao Mundial do Brasil, onde usou termos bem brasileiros relacionados à "pelada": “Não é só no futebol que ser ´fominha´ constitui um obstáculo para o bom resultado do time; pois, quando somos ´fominhas´ na vida, ignorando as pessoas que nos rodeiam, toda a sociedade fica prejudicada”.
À esquerda, o alemão Papa Emérito Bento XVI; à direita, o argentino Papa Francisco. (Foto: Filippo Monteforte/AFP/Arquivo e Alessandro Bianchi/Reuters)

Em junho de 2013, durante audiência na Praça de São Pedro, utilizou sua experiência como torcedor do San Lorenzo, time de Buenos Aires, para pedir união aos católicos. “Se num estádio, pensemos aqui em Roma no Olímpico ou naquele do San Lorenzo, em Buenos Aires, numa noite escura, uma pessoa acende uma luz, mal se entrevê; mas se os mais de setenta mil espectadores acendem a própria luz, o estádio ilumina-se. Façamos com que a nossa vida seja uma luz de Cristo; juntos, levaremos a luz do Evangelho a toda a realidade”. (G1)

Blog: O Povo com a Notícia