A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva,
voltou a responsabilizar nesta segunda-feira o governo federal pelos escândalos
que assolam a Petrobras. "Quem manteve toda essa quadrilha que está
acabando com a Petrobras foi o atual governo, que, conivente, deixou que todo
esse desmando acontecesse em uma das empresas mais importantes do país",
disse. Marina, entretanto, evitou responsabilizar diretamente a presidente e
adversária na disputa eleitoral Dilma Rousseff (PT). "A presidente tem
responsabilidades políticas. Eu não seria leviana de dizer que ela tem
responsabilidade direta pessoalmente. Prefiro que as investigações
aconteçam." Em um acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da estatal, afirmou que políticos da base aliada à presidente Dilma
receberam dinheiro de um esquema bilionário de corrupção na Petrobras. O rol de
citados pelo delator inclui três governadores, entre eles Eduardo Campos, seis
senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais que embolsaram
ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. De
acordo com depoimento, o esquema funcionou nos dois mandatos do ex-presidente
Lula e adentrou a atual gestão da presidente Dilma Rousseff. A ex-senadora
voltou a citar um trecho da Bíblia ao ser questionada sobre o impacto que a
citação de seu ex-companheiro de chapa, Eduardo Campos, tem em sua campanha.
"Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", disse, citando
capítulo do evangelho de Mateus. Desta vez, Marina concentrou sua fala na
defesa de que o caso seja apurado, mas não voltou a defender diretamente
Campos, morto em acidente aéreo. "Nós estamos preocupados com a verdade.
Queremos que as investigações sejam
feitas com todo o rigor. Doa a quem doer, seja o que for que tenhamos nessas
investigações." Marina aproveitou ainda a visita a uma creche na região
central de São Paulo para fazer mais críticas ao governo federal. "Havia
um compromisso do atual governo federal de construir cerca de 6.000 creches,
foram construídas apenas 400. Tem 700 em processo de construção. Mas, mesmo
assim, de 6.000 para 1.100 é uma diferença muito grande", criticou. Apesar
de reprovar o não cumprimento da meta do governo de Dilma Rousseff, Marina não
quis dizer quantas creches construirá, caso seja eleita e respondeu ao
questionamento com outro ataque à adversária petista. "Nós não estamos
trabalhando com promessa de um número, nós queremos que os recursos – os 10%
destinados para Educação, com o bom uso dos recursos do pré-sal para a educação
e, obviamente, jamais para a corrupção – possam nos ajudar a ampliar
significativamente o número de creches em todo o país", disse, voltando a
alfinetar o PT, que tentou aplicar em Marina a pecha de "adversária do
pré-sal". Como a lei eleitoral não permite realização de campanha em
escolas e creches públicas, a candidata do PSB fez questão de dizer que a
agenda da manhã desta segunda-feira era uma "visita técnica". "É
uma visita técnica, não significa qualquer alinhamento político e, obviamente
que as pessoas que estão aqui abrirão as portas para quem quiser conhecer a
experiência", disse. Para evitar problemas com a legislação eleitoral,
Marina e sua equipe não usaram nenhum material promocional, como adesivos e
bandeiras do partido. O vice, Beto Albuquerque, não participou da visita. Ela
apenas assistiu a uma apresentação musical e depois conversou com os alunos
enquanto eles participavam de uma aula de educação física. Marina fez perguntas
como "Qual o nome da professora?" e perguntou o nome de algumas das
crianças, uma a uma.
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