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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Presidenta Dilma, o Nordeste não precisa de cargos, mas sim de desenvolvimento

Causou-me um certo desconforto e até uma ponta de indignação a postura do senador Humberto Costa (PT-PE) na imprensa, falando em cobrar a fatura da vitória da candidata Dilma Rousseff no segundo turno na Região Nordeste, particularmente em Pernambuco, onde aconteceu uma espetacular virada de um turno para o outro. Segundo o senador – que, apesar das críticas que faço, é um brilhante quadro político -, o PT nordestino merece ser reconhecido com seu fortalecimento na estrutura de cargos do governo federal. E disse mais: a presença do governador da Bahia, Jacques Wagner, em algum ministério não contemplaria essa suposta recompensa.

O mal-estar causado é porque esta postura daquele que se arvora “coordenador da vitória” acaba entrando em harmonia com as fortes críticas feitas contra o “Nordeste” após a acachapante vitória de Dilma por estas bandas. Foi pra isso que derrotamos Aécio e a direita mais conservadora? Para pedir mais cargos no governo e atiçar ainda mais a ira anti-petista que percorre o país, que de tão despolitizada atinge todas as forças de esquerda, sejam elas partidárias ou mesmo a esquerda social?

A ponta de indignação que me atinge se dá porque é praticamente indiscutível que a vitória de Dilma em Pernambuco e no Nordeste não foi obra da abnegação e muito menos da habilidade de lideranças petistas. Aceitar o contrário, de novo seria acatar a crítica preconceituosa que se faz contra o Nordeste, pois seríamos tangidos, como bois, por uma máquina partidária. Não! A vitória se deu porque uma militância abnegada e voluntária, independente e autônoma, de esquerda, ganhou as ruas para defender suas conquistas e seus direitos. Porque aqui o povo viu chegar mais universidades nos últimos anos, mais escolas técnicas, mais investimento público na vida das pessoas, se viu o programa Bolsa Família transformar a economia não só de famílias, mas também de comunidades e das cadeias produtivas dos insumos consumidos urgentemente pelos que antes estavam abaixo da linha da pobreza.
O povo do Nordeste, e de Pernambuco em particular – que é onde vivemos e conhecemos mais -, votou em Dilma porque foi grato por isso e porque entendeu que somente ela no segundo turno poderia garantir estas conquistas e buscar avançar mais, contra um retrocesso brutal que representaria uma vitória de Aécio e seu PSDB.

Lamentavelmente, a abnegação e a habilidade das lideranças do PT em Pernambuco – com todo respeito que temos aos quadros e dirigentes que neste partido militam – foram trazidas à superfície no resultado eleitoral do primeiro turno. Coroar estes erros com cargos no governo Dilma tão somente seria um péssimo sinal e até uma desconsideração com a demonstração de força que a população nordestina apresentou.

Se eu pudesse deixar um recado do povo nordestino para a presidenta Dilma, seria o seguinte: cerque-se de auxiliares competentes, presidenta, sejam eles de onde for! Acate a mensagem das urnas e faça as mudanças que o povo tanto clamou e clama, começando por evitar ao máximo o loteamento político do seu governo! Recompense o nordeste que tantos votos lhe deu com mais educação, mais saúde, com reforma agrária, políticas públicas federais para as grandes cidades, para a segurança pública e tantas outras áreas que somos ainda muito carentes da presença do poder público.

 Por Edilson Silva – Presidente do Psol/Blog Folha

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