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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Escudo do STF vale por strep-tease de Vaccari

Réu num dos processos judiciais sobre a pilhagem detectada na Petrobras, João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, será inquirido nesta quinta-feira na CPI da Petrobras. Ele se apresentará aos deputados escondido atrás de uma liminar do STF que o autoriza a silenciar e até a mentir para não se autoincriminar. Em termos judiciais, o habeas corpus do Supremo funciona como um escudo para Vaccari. Do ponto de vista político, tem o efeito de um strep-tease.
Arrastado para o banco da CPI por uma manobra que uniu PSDB e PMDB, Vaccari desperdiçou parte de sua agenda nos últimos dias enviando recados. Aos defensores de sua renúncia à tesouraria do PT, respondeu com uma interrogação irônica: se Renan Calheiros e Eduardo Cunha não se afastaram das presidências das duas Casas do Legislativo, por que eu deveria me afastar de um órgão partidário? Aos inquisidores da CPI, mandou dizer que não tem nada a temer. Por isso, não fugiria das perguntas.
Súbito, numa evidência de que a coragem é uma qualidade que escasseia exatamente nos momentos de maior apavoramento, Vaccari achou melhor pedir ao STF que lhe assegurasse o direito constitucional de ser espremido na CPI como réu, não como testemunha. Foi atendido pelo ministro Teori Zavascki. Além de permanecer mudo, se quiser, o gestor das arcas do PT foi dispensado de assinar o termo de compromisso que o obrigaria a dizer apenas a verdade.
O eventual silêncio de Vaccari ecoará na sala da CPI com toda a eloquência do não dito, que por vezes fala mais alto do que a superficialidade do transmitido expressamente. Quanto às meias verdades, o perigo de lançar mão delas é Vaccari dizer exatamente a metade que é mentira. Livra-se da autoincrimanação. Mas arrisca-se a ficar nu diante das lentes da TV Câmera. E nada é mais patético num suspeito do que a nudez que já não espanta ninguém. (Por Josias de Souza)
Blog: O Povo com a Notícia