Empenhados
em afastar a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu partido do poder, movimentos
contrários ao governo vão tomar as ruas de todo o país neste domingo, em um
protesto de dimensões ainda desconhecidas. O Movimento Brasil Livre (MBL)
estima atos em pelo menos 144 municípios brasileiros, já o Vem pra Rua lista
257 cidades. Em Minas Gerais, são pelo menos 34 cidades, sendo que Belo
Horizonte deve concentrar a maior parte dos manifestantes, convocados a
comparecer, às 10h, na Praça da Liberdade. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
e a CUT São Paulo também marcaram para domingo, a partir das 13h, um ato “em
defesa da democracia” em frente à sede do Instituto Lula, em São Paulo.
A
Polícia Militar (PM) vai destinar efetivo de 2 mil homens para acompanhar a manifestação
na capital mineira, que contará com o efetivo dos batalhões de Choque e de
Trânsito, do Comando de Policiamento Especializado, entre outras repartições.
Na página do Facebook com o maior número de adesões, a manifestação do Bloco da
Papuda conta com 37 mil pessoas confirmadas para o ato em BH.
Os
movimentos que organizam a manifestação planejam levar de quatro a cinco trios
elétricos e montar barracas temáticas na praça. “Haverá barracas sobre
ideologia de gênero, estado mínimo, escola sem partido e sobre o impeachment de
Dilma e extinção do PT”, afirma o empresário Syllas Valadão, do grupo
Patriotas. O movimento marcou para hoje uma carreata que vai convidar a
população a participar do ato de domingo.
“As
pessoas estão cada vez mais interessadas e conscientes do papel do povo na
rua”, afirma a médica Kátia Pegos, integrante do Vem pra Rua em BH, sem
arriscar o público que vai comparecer ao evento. Segundo ela, no domingo, a
manifestação será pacífica. “A PM tem sido fundamental para a segurança de
nossos eventos. Há muitas pessoas idosas e crianças”, reforça Kátia. A
organizadora orienta participantes a irem vestidos de verde e amarelo e
evitarem cores que remetam ao PT, como o vermelho. A principal bandeira é pelo
fim da corrupção, além do afastamento da presidente Dilma, seja por renúncia,
impeachment ou cassação do mandato.
O Vem pra
Rua vai também recolher assinaturas de quem apoia medidas anticorrupção
propostas pelo Ministério Público (MP). Embora desta vez, partidos de oposição
como PSDB e DEM tenham convocado pessoas a irem às ruas, Kátia afirma que o
movimento é suprapartidário. “Achamos válida a ideia dos partidos participarem,
mas não vamos abrir o microfone para políticos”, afirma a manifestante.
E tem
gente que promete usar a irreverência para protestar, caso da advogada Ana
Lúcia Vianna, de 52 anos, do Bloco dos Indignados. Ela vai à manifestação
vestida de mandioca, ou melhor, de “Miss Mandioca Sapiens”. A fantasia é
referência a um discurso polêmico de Dilma, em que a presidente exalta a
mandioca e cria a categoria “mulheres sapiens” na evolução humana. “É como uma
charge viva. Talvez incentive os jovens a aderir ao movimento e a aprender
cidadania. É uma crítica a essa presidente que estamos tentando engolir”,
afirma.
TRÂNSITO Segundo o comandante de Policiamento Especializado da
PM, coronel Robson Queiroz, a previsão é que os manifestantes ocupem a Praça da
Liberdade e sigam para a Praça da Savassi, pela Avenida Cristóvão Colombo. O
trânsito no entorno será desviado e algumas ruas serão interditadas. Segundo a
BHTrans, empresa que administra o trânsito na capital, as mudanças no tráfego
ocorrerão à medida que os participantes se movimentarem.
Na
quarta-feira, houve confronto entre a PM e um grupo de manifestantes contrários
ao aumento da passagem em BH por causa da interdição total de ruas no Centro da
cidade. Questionado sobre a diferença de tratamento entre os dois eventos, o
coronel justificou: “No domingo, o número de pessoas nas ruas é menor, o
movimento é menor. Temos que considerar também que o evento (de domingo) foi
comunicado previamente e tudo foi tratado para que não haja desordem. No
momento em que temos condição de planejar e organizar o trânsito, o impacto é
muito menor.” (Com agência)
Domingo dos caras-pintadas
O dia 16 de agosto não foi escolhido
aleatoriamente para os protestos contra o governo Dilma Rousseff (PT). Nessa
data, há 23 anos, em 1992, o então presidente Fernando Collor de Mello foi alvo
de uma das maiores manifestações protagonizada pelos caras-pintadas. Em 13 de
agosto, Collor fez um pronunciamento à nação, pedindo que usassem o
verde-amarelo da bandeira brasileira, em seu apoio. Mas o que ocorreu foi o
contrário, em 16 de agosto de 1992, que ficou conhecido como “domingo negro”,
os brasileiros saíram às ruas de todo o país vestidos de preto, com os rostos
pintados de verde-amarelo, pedindo a saída de Collor.
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