No terceiro ano da Campanha
Nacional em Defesa do Velho Chico, o Comitê da Bacia Hidrográfica da Bacia do
Rio São Francisco realizou, por meio de uma barqueata, uma verdadeira aula de
educação ambiental nas águas são franciscanas. A ação aconteceu nesta
sexta-feira, 03 de junho, no trecho do rio que separa as cidades de Juazeiro,
na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco. Dez barcos enfeitados com os símbolos da
campanha 'Eu viro Carranca para defender o Velho Chico' navegaram como uma
frota de proteção ao rio, chamando a atenção da sociedade para os graves
problemas da região. Dentro das embarcações, estudantes, professores,
pesquisadores e ambientalistas puderam conferir de perto os dramas vivenciados
pelo rio, que abastece mais de 15 milhões de pessoas em seu curso por sete
unidades da federação.
"Essa é uma região
estratégica para se perceber o impacto da 'seca de gestão' na bacia do São
Francisco, que tem sofrido com a diminuição da sua vazão, a destruição de sua
vegetação, a ocupação de suas áreas de mata nativa e, principalmente, o despejo
de esgoto em suas águas, como fazem cidades como Juazeiro e Petrolina",
denunciou Almacks Luiz, membro do CBHSF e presidente do Comitê da Bacia do Rio
Salitre.
Durante a viagem pelo rio, os barcos fizeram uma parada na Ilha do Fogo para
uma ação de peixamento e devolução simbólica de água limpa ao rio.
"Essa é uma atividade
continua da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
do Parnaíba), trazendo alevinos para o rio, na esperança de trazer vida ao
Velho Chico", explicou o engenheiro de Pesca da entidade, Francisco José
Souza, que elogiou o caráter educativo da ação do Comitê neste ano. "Essa
conscientização deve atingir diretamente os jovens, pois eles podem gerar
mudanças significativas na sociedade", disse.
O engenheiro explicou que foram colocados na água cerca de 40 mil alevinos de espécies nativas como Curimatã, Piau e Pacamã, este último só encontrado no São Francisco. "Mas é preciso a conscientização da sociedade para aguardar o desenvolvimento dos peixes para que eles se reproduzam e garantam descendentes".
Conscientização que pescadores, como Domingos Márcio Matos, membro do CBHSF, faz questão de divulgar com seus colegas de profissão. "Precisamos saber conviver com o rio São Francisco, não abusando da sua boa vontade conosco e não retirando acima das suas condições. O que vemos hoje é o resultado da falta de amor e cuidado com esse patrimônio do povo brasileiro.
A Campanha Continua: Além da barqueata e das ações
nas redes sociais (e no site www.virecarranca.com.br),
integra a campanha a realização do I Simpósio da Bacia do Rio São
Francisco, entre os dias 05 e 09 de junho, na
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), reunindo pesquisadores
de todo o país, além de nomes internacionais, que se dedicam aos estudos sobre
o rio da integração nacional.
O I SBHSF terá como objetivo a
construção da integração nacional do conhecimento científico em torno do rio e
sua bacia. Realizado pelo Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino
Superior da Bacia do São Francisco, juntamente com o CBHSF, o evento ocupará as
dependências da Univasf, campi Juazeiro e Petrolina. A programação congregará
cinco eixos temáticos: governança, qualidade da água, quantidade da água,
recuperação ambiental e dimensão social na expectativa de estabelecer o estado
atual do conhecimento sobre o rio. As inscrições podem ser realizadas no
endereço: sbhsf.com.br .
O Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é um órgão colegiado,
integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que
tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos
recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e
contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de
representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências
de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.
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