Não tem dia, nem hora, nem
lugar. As investidas criminosas contra as agências bancárias e terminais de
caixas eletrônicos estão assustando a população dos municípios do interior do
estado e também da Região Metropolitana do Recife. A violência das ações, cada
vez mais ousadas, também tem deixado as forças policiais de mãos atadas para
resolver o problema. Quase todos os dias, o noticiário pernambucano relata
casos de explosões a terminais bancários.
Na semana passada, um grupo formado por cinco homens invadiu, após
disparar vários tiros e quebrar as portas de vidro, o prédio da Procuradoria
Regional da Fazenda Nacional da 5ª Região, na Avenida Agamenon Magalhães, no
Espinheiro. Eles explodiram um caixa eletrônico do Banco do Brasil e levaram
todo o dinheiro que havia no equipamento.
Uma Força-tarefa para investigar esses crimes foi criada pelas
polícias Federal e Civil. No entanto, as ações ainda não são suficientes para
frear as ocorrências. De janeiro a junho deste ano, 55 pessoas foram presas
pela Delegacia de Repressão ao Roubo e outras 33 capturadas pela Polícia
Federal apenas por envolvimento em crimes relacionados a roubos de bancos ou
explosões e arrombamentos a caixas eletrônicos em todo estado.
Dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), indicam que nos
primeiros seis meses deste ano Pernambuco registrou 28 casos de roubo ou furto
a caixa eletrônico. No mesmo período do ano passado, foram computadas 30
ocorrências no estado.
Na década de 2000, uma onda de assaltos e explosões a carros-forte
assolou Pernambuco. Além das investidas praticadas no Grande Recife, quando os
carros estavam estacionados perto de bancos ou grandes redes de supermercados,
dezenas de abordagens foram registradas na BR-232, que liga a capital ao
Agreste e Sertão do estado.
Em alguns casos, os assaltos eram praticados no horário da noite.
Atualmente, esse tipo de ocorrência quase não faz parte das estatísticas da
SDS. É como se os criminosos tivessem encontrado um jeito mais fácil e menos
perigoso de botar a mão em grandes quantias de dinheiro. Nos carros-forte
existem seguranças armados. Nos caixas eletrônicos, às vezes, há apenas um ou
dois vigilantes.
Quem mora perto dos bancos ou caixas eletrônicos que são alvos dos
criminosos vivem momentos de pânico dentro de casa enquanto as ações estão
sendo praticadas. Além dos muitos tiros disparados pelos assaltantes, inclusive
com armas de grosso calibre e muito mais potentes que as usadas pelos
policiais, os suspeitos ainda deixam encurralados os policiais militares que
estão de plantão nos destacamentos. Em muitos crimes, viaturas foram baleadas e
tiveram vidros quebrados e pneus furados pelos integrantes dessas quadrilhas.
Além disso, em algumas ações, os bandidos espalham grampos no asfalto ao longo
do caminho para que os policiais não consigam iniciar uma perseguição.
As ações criminosas costumam dar certo para os assaltantes, no
entanto, no dia 10 de julho, quatro deles acabaram mortos após uma tentativa de
arrombamento à agência do Banco do Brasil, no município de Buenos Aires, Zona da
Mata Norte. O banco chegou a ser invadido por 10 homens que, utilizando
maçaricos, começaram a arrombar os caixas eletrônicos quando foram
surpreendidos por policiais militares. Houve troca de tiros e três suspeitos
morreram no local. O quarto envolvido morreu no Hospital da Restauração.
Nenhuma quantia em dinheiro foi levada da agência. Um fato que tem chamado a
atenção da polícia são as datas escolhidas pelos criminosos. Geralmente
escolhem os primeiros dias do mês, pois sabem que os terminais estarão abastecidos
para a realização de pagamentos de salários e aposentadorias.
Os investigadores acreditam que o grupo que vem aterrorizando o
interior do estado também possa estar agindo nas cidades do Grande Recife. Há
uma suspeita de que sejam de estados vizinhos a Pernambuco e de que utilizem as
rodovias federais para fugirem com facilidade. Segundo o assessor de
comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro, os assaltantes que cometeram o
crime no prédio da Procuradoria Regional da Fazenda usaram os mesmos
procedimentos que são feitos no interior do estado. “Eles estavam com
armamentos pesados, usaram a mesma logística das investidas do interior, agiram
durante a madrugada e estavam em grande número de pessoas. Além disso, usaram
artefatos explosivos para destruir o terminal eletrônico”, ressaltou Santoro.
Os dados da SDS revelam ainda que de janeiro a junho deste ano
ocorreram dez roubos a bancos contra 18 no mesmo período do ano passado. No
entanto, o número de furtos teve um aumento. Em 2015, apenas quatro agências
sofreram furtos nos seis primeiros meses do ano. Já no mesmo período deste ano
foram computadas 14 ações. Enquanto as autoridades de segurança pública não
conseguem encontrar um jeito de barras essas investidas criminosas, as agências
bancárias e os caixas eletrônicos seguem como alvos fáceis das quadrilhas de
assaltantes. (Por: Wagner Oliveira – Diário
de PE)
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