O novo secretário de Defesa Social, Ângelo Gioia, pretende adaptar
protocolos de forças de segurança de fora do País à realidade local para
reforçar a atuação das polícias pernambucanas. O intuito é que os procedimentos
norteiem a condução de investigações pela Polícia Civil e abordagens da Polícia
Militar, evitando abusos e falhas técnicas.
Também está nos seus planos a capacitação de servidores no exterior. O gestor foi recebido ontem na Folha de Pernambuco pelo diretor Executivo, Paulo Pugliesi, e pela editora-chefe, Patrícia Raposo. Em seguida, concedeu entrevista ao programa Conexão Notícias, da Rádio Folha FM 96,7.
Também está nos seus planos a capacitação de servidores no exterior. O gestor foi recebido ontem na Folha de Pernambuco pelo diretor Executivo, Paulo Pugliesi, e pela editora-chefe, Patrícia Raposo. Em seguida, concedeu entrevista ao programa Conexão Notícias, da Rádio Folha FM 96,7.
As medidas propostas por Gioia são realidade na Polícia Federal, mas
ainda incipientes nas polícias estaduais. Para ele, a polícia brasileira, em
geral, ainda está distante dos padrões internacionais. Por isso, acredita, a
qualificação proposta para o efetivo pernambucano será um diferencial. “Tive
importantes encontros com a polícia norte-americana. Polícia em países que são
vanguarda. Você tem bons protocolos para algumas práticas criminosas,
evidentemente que adaptadas ao nosso cenário”, disse, citando a cadeia de
custódia de prova. “É o policial ir ao ambiente de perícia e saber desde a
apreensão de um telefone até a entrega à Justiça, de modo que seja feito um bom
trabalho, para que, depois, o preso não seja liberado por uma incapacidade
técnica da investigação. Não basta ficar com a retórica de que ‘a polícia
prende, a Justiça solta’”, defendeu o gestor.
Nos últimos meses, a SDS teve que se explicar, ao menos, duas vezes após
erros em procedimentos que ganharam repercussão. Em junho, sindicatos apontaram
supostas falhas na perícia feita no quarto do motel onde o corpo de Paulo Cesar
Morato, investigado na Operação Turbulência, foi encontrado. O inquérito
concluiu que houve suicídio. No mês seguinte, durante uma transferência hospitalar,
um suspeito de tentativa de assalto foi executado dentro de uma ambulância do
Corpo de Bombeiros.
Teria faltado escolta, como é obrigatório para pessoas sob custódia.
Teria faltado escolta, como é obrigatório para pessoas sob custódia.
“Quando falo de protocolo, falo no enfrentamento a assaltos a banco,
homicídios, estupro, violência contra a mulher. É algo que aborda toda a ação
policial.” Já quanto à capacitação no exterior, o secretário informou que
iniciará as tratativas com o consulado norte-americano. “Temos que tentar fazer
isso do ponto de vista institucional, já desde a academia, criando um
calendário. Há recursos para isso. Você não pode investir em truculência, em
abuso, em desrespeito à lei, em tortura. Tem que investir em capacitação,
tecnologia, protocolos para atuação. Trabalhar e mexer com redução de
criminalidade exige profissionalismo”, concluiu.
Explosões a bancos
Ângelo Gioia aposta na me-lhora do serviço de inteligência da Polícia
Civil para conter as investidas criminosas contra bancos. Segundo ele, "a
Polícia Militar tem uma boa capilaridade" nessa área, mas a Civil
"precisa avançar". Por outro lado, a despeito do número baixo do
efetivo no Interior - onde há cidades inteiras com menos de cinco policiais
militares à disposição -, o gestor destacou que, se preciso, o Estado está
preparado para enfrentar bandidos em plena ação, ainda que reconheça que esse
não é o melhor cenário.
"Quando os criminosos chegam ao palco da prática do crime, você já
tem um grande risco para a po-pulação, para os policiais. São ocorrências que
têm três momentos diferentes e que exigem abordagens diferentes da
polícia". Entre janeiro e setembro deste ano, houve 144 investidas contra
bancos. Gioia também cobrou dos bancos investimentos na segurança das agências,
citando tecnologias disponíveis "há mais de dez anos" e que não
teriam tido adesão das instituições. "Os bancos têm uma parcela de
responsabilidade. Hoje, a polícia se serve de imagens um, dois dias depois, mas
poderia haver, por exemplo, um acionamento automático durante uma ação, em
tempo real, além de tecnologias para destruir cédulas”, disse.
Assaltos
a ônibus
Para conter os assaltos a ônibus, que, entre janeiro e agosto, tiveram
740 registros (+34,3% em relação ao mesmo período de 2015), Ângelo Gioia
acredita na melhoria das perícias e da investigação. "Não raras vezes,
você tem vestígio, prova e, nos ônibus, tem imagens. Se você tem uma boa
perícia, uma ação efetiva da Polícia Civil, não raras vezes, alcança o
criminoso imediatamente". De medida prática, porém, citou esforços que já
vinham sendo realizados antes de assumir a SDS, há duas semanas, como as blitze
da PM, dentro da Operação Transporte Seguro, e a equipe da Polícia Civil
designada para investigar esse tipo de crime. Mas destacou o aumento do efetivo
nas ruas como saída para desmantelar a atuação de pessoas que praticam esses
roubos como forma de obter recursos para a compra de drogas.
Estupros
As delegacias especializadas no atendimento à mulher terão um aumento de
dez para 14 unidades no Estado. Todas serão chefiadas por mulheres. As
novidades foram infomadas pelo secretário Ângelo Gioia, que destacou a medida
como um caminho para tornar o ambiente policial acolhedor às vítimas de
violência. No mês passado, casos de estupro chocaram a população na Região
Metropolitana. O desfecho de um, em particular, gerou repercussão negativa. Um
suspeito de estupro foi liberado na Central de Plantões, mesmo com o
depoimento contundente de uma universitária de 21 anos de que vinha sendo
perseguida por ele. O delegado do caso foi afastado.
“As vítimas, fragilizadas, expostas, não se sentem confortáveis em ir ao
ambiente policial. Menos ainda, às vezes, para conversar com um homem de
polícia. Então, trazer uma mulher para esse ambiente de comando é a
possibilidade de difundir para os outros policiais”, disse Gioia, destacando
que a capacitação dos policiais homens que atuam nessas delegacias é
prioritária. “Sob o comando de mulheres, a orientação será outra”, falou.
Para Gioia, o desafio é cumprir os mecanismos da Lei Maria da Penha,
“referência mundial”. “O Estado tem que estar atento e dar uma resposta. Ainda
que tenhamos números menores que no ano passado, não são confortáveis. Se
tivesse um estupro, eu já não teria motivo para comemorar.”
Homicídios
Homicídios
Oito equipes já estão atuando exclusivamente em investigações de
assassinatos em todas as regiões do Estado. O número de policiais empenhados
não é divulgado por questões de segurança, segundo o secretário de Defesa
Social. Delegados e agentes de fora do Departamento de Homicídios e Proteção à
Pessoa (DHPP) também estão atuando nessa frente de trabalho.
O desafio é reduzir números que sobem desde 2013. No ano passado, por
exemplo, foram contabilizados 3.891 homicídios, ante 3.434 em 2014 (+13,3%).
Neste ano, já são 3.361 casos. “Vamos investigar grupos organizados que matam
mediante paga, que são as milícias, mas teremos mais efetividade no homicídio
praticado por aproximação também. Fui claro: preciso de trabalho de segunda a
sexta, das 8h às 18h, só em cima dos casos. Nos fins de semana já há os
plantões”, detalhou Ângelo Gioia.
O secretário voltou a mencionar os protocolos que pretende trazer para
Pernambuco quando questionado sobre ocorrências com vítimas de balas perdidas
em ações policiais.
Entre janeiro e agosto deste ano ano, foram oito casos, ante seis, no mesmo período do ano passado, sem contar os feridos. “Casos assim são verdadeiras tragédias. A polícia é despreparada? Não, mas ela precisa diariamente de qualificação. Vamos ter protocolos internacionais para treinamento nesse tipo de ambiente, onde a primeira preocupação sempre deve ser preservar a vida de inocentes”, afirmou.
Efetivo e estrutura
Entre janeiro e agosto deste ano ano, foram oito casos, ante seis, no mesmo período do ano passado, sem contar os feridos. “Casos assim são verdadeiras tragédias. A polícia é despreparada? Não, mas ela precisa diariamente de qualificação. Vamos ter protocolos internacionais para treinamento nesse tipo de ambiente, onde a primeira preocupação sempre deve ser preservar a vida de inocentes”, afirmou.
Efetivo e estrutura
A preocupação em colocar mais policiais nas ruas deve ser um dos nortes
do trabalho do novo secretário. Na Polícia Militar (PM), conforme números
extraoficiais, 5% do efetivo estão fora de sua atividade-fim. Já segundo a
Associação dos Delegados (Adeppe), um terço da categoria está em cargos de
diretoria, o que gera defasagens, sobretudo em delegacias do Interior. “Estamos
buscando um grupo significativo de policiais aposentados para cumprirem funções
administrativas. O Estado contrata a um custo bem mais baixo, e o policial na
ativa vai para a atividade estritamente policial”, disse.Ângelo Gioia voltou a
mencionar os concursos para 1,1 mil soldados da PM, com conclusão prevista para
o segundo semestre de 2017, e para mil da Polícia Civil como medidas que
incrementarão as forças de segurança. Reconheceu as dificuldades de estrutura
em outras regiões do Estado, onde há viaturas sem funcionar e delegacias
sucateadas. “O Interior sofre mais com essa carência”, afirmou. O gestor
criticou, porém, movimentos de agentes e delegados previstos para hoje - e que
também cobram melhorias nas condições de trabalho - por estarem ocorrendo antes
que as negociações tenham se esgotado. “O Plano de Cargos e Salários está
previsto para novembro. É uma questão que está sendo tratada com respeito”,
avaliou. (Via: Folha PE)
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