O secretário de Justiça e
Cidadania do Rio Grande do Norte, Walber Virgulino, afirmou na noite deste
domingo (15) ser "muito difícil o Estado evitar" a morte de detentos
em presídios. Motim na Penitenciária de Alcaçuz, na região metropolitana de
Natal, deixou 26 presos mortos neste fim de semana, segundo contagem do
governo.
"A secretaria tomou o cuidado necessário", disse,
questionado sobre a responsabilidade do governo sobre a rebelião. "Agora,
sistemas penitenciários são de detenção. Você não tem como ter certeza de 100%
que um preso não vai matar outro, que ele não vai fugir ou que ele não vai se
rebelar. São pessoas com um nível de violência gigantesco. Quando um decide
matar o outro, é muito difícil o Estado evitar. Se a gente antecipar, a gente
consegue evitar", afirmou Virgulino, que disse que dificuldades
estruturais e de efetivo dificultam o trabalho da pasta.
Segundo o governo, batalhões impedem que grupos rivais entrem
em conflito no local, e a Força Nacional faz a segurança no perímetro externo
do presídio, para evitar fugas.
O trabalho de identificação dos corpos começará nesta segunda
e deve seguir por 30 dias, diz o governo - em Roraima, onde um motim deixou 33
mortos no dia 6, o governo demorou pouco mais de um dia para divulgar uma lista
com os nomes de 31 vítimas. Dois dos presos mortos no Rio Grande do Norte foram
carbonizados e todos os outros foram decapitados.
Segundo o diretor do Itep (Instituto Técnico Científico de
Perícia), Marcos Brandão, não há marcas aparentes de perfuração por balas nos
corpos, apenas por instrumentos cortantes –ainda é preciso fazer necropsia nos
corpos para identificar as causas de morte.
Agentes encontraram dentro do presídio uma pistola caseira,
de um cano feita manualmente, e granadas não letais, que não foram usadas,
segundo o governo.
MORTES EM PRESÍDIOS
Com mais essas 26 mortes, o número de assassinatos em
presídios pelo país chega a 134 casos nas primeiras duas semanas do ano. As
mortes já equivalem a mais de 36% do total registrado em todo ano passado. Em
2016, foram ao menos 372 assassinatos - média de uma morte a cada dia nas
penitenciárias do país. O Estado do Amazonas lidera o número de mortes em presídios
com 67 assassinatos, seguido por Roraima (33).
No dia 1° de janeiro, um massacre no Complexo Penitenciário
Anísio Jobim (Compaj) deixou deixa 56 mortos em Manaus (AM), após motim que
durou 17 horas. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade
Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus.
Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal
Pessoa deixou quatro mortos. Logo em seguida, três corpos foram encontrados em
mata ao lado do Compaj. Com isso, subiu para 67 o total de presos mortos no
Amazonas.
No dia 4 de janeiro, dois presos são mortos em rebelião na
Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, no Sertão da Paraíba. Dois dias depois,
33 presos são mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de
Monte Cristo, em Boa Vista.
Na tarde de quinta (12), dois detentos foram mortos na Casa
de Custódia, conhecida como Cadeião, em Maceió (AL). O presídio, destinado a
abrigar presos provisórios, fica dentro do Complexo Penitenciário, em Maceió
(AL). Jonathan Marques Tavares e Alexsandro Neves Breno estavam nos módulos 1 e
2 da cadeia, respectivamente.
No mesmo dia, dois presos foram mortos em São Paulo, na
Penitenciária de Tupi Paulista (a 561 km da capital paulista). A Secretaria da
Administração Penitenciária informou que eles morreram durante uma briga em uma
das celas.
Neste domingo (15), uma fuga na Penitenciária Estadual de
Piraquara, no Paraná, deixou dois mortos. Um grupo explodiu, pelo lado de fora,
um muro da penitenciária, que concentra membros da facção PCC (Primeiro Comando
da Capital), segundo agentes penitenciários ouvidos pela reportagem. (Via: Folhapress)
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