Michel Temer decidiu promover uma
reviravolta na forma como vinha lidando com a crise no sistema penitenciário.
Concluiu que é melhor assumir a direção do que ser atropelado como um
transeunte descuidado. Sem desconsiderar o papel central que a Constituição
atribui aos Estados em matéria de segurança pública, o presidente resolveu
dividir o protagonismo com os governadores. Deseja que a União coordene um cerco
às finanças das principais facções criminosas do país.
Como primeiro passo, Temer convocou para esta terça-feira uma
reunião com representantes dos órgãos que integram o Sistema Brasileiro de
Inteligência. Entre eles o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
da República, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Secretaria
Nacional de Segurança Pública, a diretoria de Inteligência da Polícia Federal,
o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), além dos centros de
inteligência do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
A ideia de Temer é mobilizar todo o sistema de inteligência
para esquadrinhar as atividades, por assim dizer, empresariais das facções
criminosas. Também nesta terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes se reunirá
com secretários estaduais para discutir a implementação do Plano Nacional de
Segurança. Elaborado em cima do joelho, o plano prevê, por exemplo, a criação
de 27 centros de inteligência –um em cada Estado e no Distrito Federal.
Brasília opera para que esses centros comecem a funcionar harmoniosa e
rapidamente.
Alexandre Moraes corre, de resto, para cumprir uma outra
determinação de Temer. O presidente encomendou ao ministro a constituição de um
grupo de trabalho sobre segurança pública. Coordenado pela pasta da Justiça,
esse grupo teria funcionamento permanente. E se dedicaria à formulação de
estratégias para desligar os presídios da tomada de alta voltagem em que se
encontram plugados desde a chegada das Caravelas.
Nesta quarta-feira, o próprio Temer abrirá uma rodada de
conversas com governadores, no Planalto. Deseja a adesão de todos ao seu Plano
Nacional Segurança. Dirá que o crime, por organizado, não pode ter como
contendor um Estado desconjuntado. Espera que a unidade traga a eficiência. A
súbita hiperatividade submete Temer a riscos. Se o vaivém não trouxer
resultados, o presidente pagará um preço político. Mas a crise atingiu um
estágio tal que a inação deixou de ser uma opção para o presidente. (Por Josias de Souza)
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