O ministro Edson Fachin, novo relator da Operação Lava Jato no Supremo
Tribunal Federal, determinou abertura de inquérito para investigar os senadores
Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente da
República José Sarney (PMDB-AP).
Na segunda-feira (06), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
havia pedido a abertura de inquérito ao ministro do STF.
Os investigadores apuram se os políticos cometeram crime de embaraço às
investigações da Operação Lava Jato.
Machado gravou conversas particulares com os peemedebistas e entregou o
material à PGR (Procuradoria-Geral da República), que considera o material
comprometedor.
"Mais de uma vez nas conversas gravadas o senador Romero Jucá
evidencia que o timing para a implementação do grande acordo de estancamento da
Operação Lava Jato ficaria especialmente favorecido com o início do governo de
Michel Temer", escreveu Janot no pedido de abertura de inquérito.
No pedido, Janot chama os peemedebistas de "integrantes da quadrilha".
"Os áudios demonstram de forma inconteste que está em curso um
plano de embaraço da investigação por parte de integrantes da quadrilha e seus
associados. Como sói acontecer em organizações criminosas bem estruturadas, o
tráfico de influência é apenas uma das vertentes utilizadas por esses grupos.
Aliado a isso, são utilizados outros instrumentos com a finalidade de impedir e
embaraçar as investigações contra essa parcela da criminalidade. Uma das formas
de atuação é a manipulação do próprio aparelho estatal para atuar em favor da
organização criminosa", diz o texto.
"Não bastasse a trama para mudar a legislação, os senadores Renan
Calheiros e Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney ainda revelam o plano de
incluir o Supremo Tribunal Federal, reserva necessária de sobriedade
institucional, na costura politica de um grande acordo espúrio para evitar o
avanço do complexo investigatório", escreve Janot.
Este é o primeiro inquérito da Lava Jato ao qual Sarney vai responder; é
o segundo e Sérgio Machado, o terceiro de Jucá e o nono de Renan.
Sérgio Machado disse em depoimento que durante sua gestão na Transpetro
repassou ao PMDB pouco mais de R$ 100 milhões cuja origem eram propinas pagas
por empresas contratadas pela estatal.
Segundo a PGR, Sergio Machado "foi muito claro, em seus
depoimentos, sobre a obtenção desses subornos, pormenorizando anos e valores
respectivos tanto na forma de doações oficiais quanto em dinheiro em espécie.
Segundo Sérgio Machado, foram repassados ilicitamente, a partir de contratos da
Transpetro, por exemplo, para Renan Calheiros, R$ 32,2 milhões; para Romero
Jucá, R$ 21 milhões; e para o ex-presidente José Sarney, R$ 18,5 milhões".
Janot também compara a relação dos políticos na Lava Jato com a relação
dos políticos com a operação mãos Limpas, que combateu a corrupção na Itália na
década de 90: "O Poder Judiciário tem a oportunidade em face da prova e a
responsabilidade diante dos fatos de afastar o Brasil do sombrio paradigma
havido na Itália, em que a classe politica reagiu à Operação Mãos Limpas sem o
menor viés de promover avanços institucionais: a legislação italiana, ao invés
de ser aperfeiçoada, retrocedeu, contra a vontade muitas vezes manifestada da
população daquele país, como resultado de acordos espúrios como o ora
revelado." (Via: Folhapress)
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