Uma
década depois de iniciada, a Transnordestina viu seus 1.753 quilômetros de
extensão serem transformados em um comboio de irregularidades e problemas
estruturais. Já não se sabe sequer qual será o custo total do empreendimento,
tampouco quando os trilhos que cortam três Estados do Nordeste serão ocupados
por vagões e locomotivas.
Hoje, a situação das obras está
próxima da paralisação total. Em outubro do ano passado, quando Tribunal de Contas
da União (TCU) visitou o empreendimento, havia apenas 829 funcionários
trabalhando no traçado na malha. Um ano e meio atrás, esse número chegava a 5,4
mil trabalhadores.
As estimativas apontam que
apenas metade do projeto foi concluída até hoje. Isso significa que a ferrovia
– que entraria em operação em 2010, conforme os planos originais – não estará
pronta antes de 2020. Apesar de toda a pressão de Pernambuco, Ceará e Piauí
para que o empreendimento seja concluído, a realidade é que, no governo federal,
há quem avalie que a ferrovia “perdeu o timing”.
Esse mesmo tipo de dificuldade
é enfrentado hoje nas obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol),
empreendimento público tocado diretamente pela Valec na Bahia. Como a
Transnordestina, trata-se de outra ferrovia bilionária atrasada, sem custo
total e sem prazo de conclusão definidos.
Fontes de mercado afirmam que
os projetos de infraestrutura de ferrovia e portos estão na mira de gigantes
asiáticas. Para a estatal chinesa China Communications Construction Company
(CCCC) poder participar dos dois projetos de infraestrutura – da
Transnordestina e do porto intermodal do Maranhão – seria estratégico por aliar
a logística de escoamento de produtos até o porto. Mas ainda é cedo para dizer
se a chinesa entrará mesmo nos projetos.
Histórico de desistência: Considerando o histórico de
Benjamin Steinbruch, dono da CSN, as apostas são de que as conversas podem não
dar em nada, pois o empresário costuma desistir deste tipo de acordo. Em 2016,
por exemplo, esteve perto de vender o porto Sepetiba Tecon, no Rio, por R$ 1,5
bilhão, mas voltou atrás pouco antes de fechar o negócio. A CSN precisa vender
sua fatia na Usiminas até 2019 por decisão do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade).
Blog: O Povo com a Notícia