Aproximadamente 70 pessoas já
foram identificadas pela polícia da Paraíba como suspeitas de participação no
esquema que fraudou pelo menos 70 concursos e vestibulares. O número de
aprovados através da venda de gabaritos passa de 500, de acordo com o
levantamento da investigação até esta segunda-feira. Apesar dos números, a
polícia identificou que não há vazamento de gabaritos por meio de empresas
organizadoras das seleções, que a atuação da quadrilha é independente.
O resultado das duas primeiras fases da Operação Gabarito
foi apresentado na manhã desta segunda-feira (15), mas o delegado responsável
pelas investigações, Lucas Sá, diz que a investigação começou a partir de uma
denúncia anônima e que o trabalho deve demorar a ser concluído. “Isso é só o
começo do trabalho da polícia civil", diz.
Até a sexta-feira (13), 25
pessoas já tinham sido presas, sendo 19 no dia 7 e outras seis na sexta-feira. O esquema contava com professores de matemática, raciocínio
lógico, português, direito e informática, contratados para responder às provas
e passar os gabaritos, mas o grupo também contava com uma assessoria jurídica.
Essa assessoria era acionada em casos de candidatos que pudessem ter problemas
com desclassificações.
25 já
foram presos: Durante a audiência de custódia dos 19
presos no domingo aconteceu na segunda-feira (8) em João Pessoa e a Justiça
manteve a prisão dos suspeitos. Entre eles está um servidor do Detran, Diones
Leite. Segundo o advogado do suspeito, Iarley Maia, o funcionário público nega
participação no esquema. "A única coisa que existe é que ele conhece uma
das pessoas envolvidas, mas isso não quer dizer que ele fez nada ilegal",
disse o advogado. A assessoria de imprensa do Detran-PB confirmou a prisão do
funcionário e disse que vai apurar os fatos para que as medidas cabíveis possam
ser tomadas.
O concurso do órgão, realizado em 2013, está na lista dos
60 que teriam sido fraudados pelo grupo, segundo a polícia. O assessor jurídico
do órgão, José Serpa, informou que o Detran vai esperar a finalização do
inquérito policial e que caso a fraude na aprovação de candidatos seja
comprovada, as medidas cabíveis vão ser tomadas para o afastamento dos
envolvidos no o esquema fraudava concursos.
As fraudes começaram em 2005, e mais de 500 pessoas já
foram beneficiadas com o esquema em concursos na Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí. O valor pago pelas pessoas para o grupo
já acumulava pelo menos R$ 18 milhões.
O esquema funcionava por meio de escutas e transmissões
eletrônicas durante a aplicação das provas. Parte dos suspeitos ficavam na casa
onde os líderes do grupo foram presos, em João Pessoa, e eram responsáveis por
receber as informações das provas de outros integrantes do grupo que faziam as
provas. “Eles repassavam as informações para os ‘professores’, que respondiam
as questões e mandavam os gabaritos para os candidatos”, explica Lucas Sá.
Segundo o delegado, os “clientes” do grupo eram contatados
principalmente em cursinhos e por meio redes sociais. “São muitas as maneiras,
mas as principais são pelo Facebook, WhatsApp e indicação de pessoas de
cursinhos. Vários desses professores [presos] são professores de cursinho.
Então eles acabam indicando a organização para os alunos desses cursos e fazendo
a proposta de ingressar no esquema fraudulento”, disse o delegado. (Via: G1 PB)
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