A Polícia Civil prendeu um homem
no Rio de Janeiro nesta terça-feira sob suspeita de ter feito 40 vítimas com a
prática criminosa conhecida como Baleia
Azul, em que usuários de redes sociais influenciam adolescentes
a completar 50 tarefas, incluindo automutilação e suicídio. Matheus
Silva, 23 anos, foi detido em Nova Iguaçu durante a Operação Aquarius,
coordenada pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Ele
ficará em prisão preventiva.
A operação tem o objetivo de cumprir ao todo 24 mandados de
busca e apreensão também nos estados de Amazonas, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina, São Paulo e Sergipe. Foram envolvidas 24 equipes de policiais em 20
cidades de todo o país, com pelo menos três agentes em cada uma. Ao todo, pelo
menos 72 policiais estão envolvidos na ação.
“Esse rapaz que foi preso, nós já tínhamos materialidade
suficiente para pedir a prisão dele. Ele já confessou que era curador, que
tinha influenciado 30 vítimas, mas temos nos autos cerca de 40 vítimas” disse
Fernanda Fernandes, delegada assistente da DCRI. De acordo com ela, a operação
resultou na apreensão de celulares e computadores e na identificação de quinze
vítimas da prática. Não houve nenhuma morte no Rio.
Até o momento, dez curadores —pessoas
que dão as coordenadas das tarefas para as vítimas — são investigadas, segundo a
delegada. Este número apenas não é maior, de acordo com ela, porque a polícia
não teve a colaboração das empresas de tecnologia e redes sociais, como
Facebook e Google, apesar de determinações da Justiça, para obter os dados
cadastrais dos suspeitos de envolvimento com o crime. O “modus operandi” dos
curadores envolvia perfil falso no Facebook.
Márcio Santos, policial especialista em tecnologia da
informação, afirmou que a prática teve início na Europa e prevê desafios,
incluindo um corte a uma profundidade que pudesse expor a veia da vítima.
Segundo a delegada Fernanda, a motivação para permanecer no desafio criminoso era subjetiva,
mas as vítimas entravam em depressão e sofriam pressões do curador caso o
abandonassem, como ameaça de morte a ela ou a algum membro da família. As
investigações detectaram uma criança de nove anos, prestes a se
tornar vítima da prática.
A delegada Daniela Terra, titular da DCRI, afirmou que
muitas crianças chegavam à delegacia com muitos cortes e fez um alerta aos
pais para que acompanhem a vida virtual das crianças nas redes sociais. De
acordo com ela, a idade mínima para o cadastro no Facebook é de 13 anos de
idade. A inscrição de alguém com idade inferior é crime, cuja responsabilidade
é dos pais. Segundo as delegadas, a Secretaria da Educação do Rio de
Janeiro foi oficiada para auxiliar na identificação de possíveis
vítimas. Conforme as delegadas, ao longo das investigações, foram
constatadas diversas mortes pelo Brasil.
As
delegadas afirmaram que a operação teve início com uma análise prévia das redes
sociais para saber se o desafio realmente existia e, com isso, evitar mortes.
Elas disseram que, pelo fato de as vítimas não procurarem a delegacia
especializada, foi necessário fazer rondas virtuais para apurar informações.
Segundo as delegadas, a operação terá uma segunda e, talvez, terceira fases. (Via: Veja)
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