Por Raphael Guerra - Ronda JC
Desde a noite do sábado (16),
quando soube da notícia de que o jornalista Alexandre Farias havia sido vítima
de bala perdida, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, me veio à mente a crise
sem precedentes da segurança pública. Não existe mais dia, hora ou local. Área
nobre ou periférica. Qualquer um – indiscutivelmente – pode ser a próxima
vítima. Por mais que não se queira ser pessimista, essa é a sensação, óbvia,
que passa na mente de cada pernambucano diante dos assombros casos de violência
noticiados todas as horas pela imprensa. São quase 4 mil assassinatos em oito
meses.
Podemos chegar a quase 6 mil no final do ano. O mesmo Estado que em 2013
registrava metade disso. O Governo do Estado, por mais que fale em investimento
na área, não faz o principal dever de casa: reconhecer que é preciso um
novo programa de segurança. Disse uma vez aqui nesse espaço: é preciso deixar a
política e o saudosismo de lado. O Pacto pela Vida deu certo por um momento.
Investiu bem em repressão, prendeu criminosos e trouxe resultados. Mas parou no
tempo. Esqueceu princípios básicos. A prevenção – que é o meio de se combater a
violência a longo prazo – não foi bem planejada, não foi executada.
Especialistas em segurança ouvidos nos últimos meses pela imprensa são
unânimes: o Pacto pela Vida morreu. Não atinge mais os objetivos. Em síntese:
em time que se ganha, não se mexe. E em time que se perde, o que se faz?
É inegável o esforço do governador Paulo Câmara em espremer os cofres
públicos para aumentar o investimento na área da segurança. Mas, claramente,
ele é mal assessorado no assunto. Reunião toda semana é importante, mas não é a
solução. Concursos para ocupar vagas de profissionais que se aposentaram também
não vão surtir o efeito desejado. Todos sabem disso. Na prática, vai amenizar
um déficit. Há uma necessidade clara de novas ideias. Essa foi a receita
adotada lá atrás, em 2007, para a criação do Pacto pela Vida. A sociedade
participou. Metas foram estabelecidas e muitas foram cumpridas, por isso os
números da violência caíram. Em meio a números devastadores da criminalidade, o
governador Paulo Câmara precisa assumir um papel firme para convocar a
criação de um novo plano de segurança pública com a participação de
profissionais das mais diversas áreas. É mais que um apelo. É uma cobrança de
toda a sociedade – amedrontada com tanta violência.
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