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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Bomba da transposição é roubada e ministério suspeita de comerciantes

Após depredações no canteiro de obras do eixo norte da transposição do Rio São Francisco em Salgueiro, no Sertão pernambucano, uma equipe técnica do Ministério da Integração Nacional verificou nesta segunda-feira (09) que foi furtada uma bomba da comporta do reservatório Tucutu, em Cabrobó, município a cerca de 70 quilômetros. A suspeita da pasta é de que os responsáveis pela ação tenham sido comerciantes a quem a Mendes Júnior, empreiteira que abandonou o serviço no ano passado, deve cerca de R$ 24 milhões. O prejuízo total ainda não foi contabilizado.

As comportas do mesmo reservatório foram fechadas porque danos nas mangueiras provocaram um vazamento de óleo. Além disso, a estrutura de controle de Tucutu foi pichada.

A construtora Emsa, nova responsável pelas obras, registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Cabrobó denunciando a depredação no canteiro e ameaças contra funcionários. Segundo o ministério, na última quinta-feira (05), antes da ação, foram comunicadas à pasta as ameaças de  fechar o prédio onde funciona a Coordenação do Eixo Norte e a Gerenciadora, instalados em Salgueiro; invadir e paralisar o canteiro da empreiteira Emsa, assim como das suas subcontratadas; fechar a BR 116 no trecho em frente aos escritórios da coordenação; e depredar o canal e as obras em funcionamento. 

A Integração Nacional afirmou que avalia quais são as medidas legais cabíveis.

A pasta afirma que não cabe a ela negociar a dívida da Mendes Júnior e que não tem dívidas com a construtora, e sim o contrário. O cálculo é de que o débito da empreiteira com o governo chegue a R$ 200 milhões, referentes a multas por readequação de preços e a penalidades contratuais.

“Os débitos da Mendes Jr. com os comerciantes da região referem-se a uma relação contratual entre empresas privadas. Pela legislação em vigor, o Ministério da Integração Nacional está impedido de saldar dívidas da construtora com seus fornecedores. Os pagamentos aos fornecedores e comerciantes da região devem, assim, ser quitados pela empresa Mendes Júnior, que foi a responsável pela contratação dos serviços e aquisição dos materiais”, afirma o ministério em nota.


As obras entre Cabrobó e Jati (CE) foram paralisadas em junho do ano passado, após o presidente Michel Temer (PMDB) assumir o governo com o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT). Houve atrasos na licitação para escolher a substituta, a Emsa, que só começou a operar em julho deste ano. O edital só foi lançado em dezembro e o contrato assinado em abril, mas uma das construtoras que perdeu foi à Justiça para que a contratação fosse revista, fazendo o caso se arrastar por mais três meses.

O eixo norte é o maior da transposição e vai de Pernambuco ao Ceará, atendendo também à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, onde um total de 7,1 milhões de moradores de 223 municípios serão beneficiados. A promessa é de que, após mais de cinco anos de atraso, ele seja entregue no primeiro semestre do ano que vem, para tentar evitar o colapso hídrico na região de Fortaleza, onde aproximadamente 4 milhões de pessoas serão atendidas. A conclusão do projeto vai custar ao todo R$ 516,8 milhões.

Briga pela paternidade da transposição

Este ano, o presidente Michel Temer (PMDB) foi à cidade de Monteiro, na Paraíba, para inaugurar o outro trecho da transposição, o eixo leste. Nele, a água do ‘Velho Chico’ é captada em Floresta, também no Sertão pernambucano, e passa por cerca de 200 quilômetros até chegar ao estado vizinho, onde atende principalmente a região de Campina Grande. Apesar de ser o estado com maior trecho de canais, apenas cerca de 35 mil pernambucanos são atendidos até agora, na região de Sertânia, no Sertão.

A transposição tem sido alvo de uma disputa política por paternidade. Temer tenta vincular a sua imagem à conclusão do projeto – das cinco vezes em que esteve no Nordeste, em três visitou os canteiros – para tentar aumentar a popularidade na região onde tem a maior taxa de rejeiçãoEnquanto isso, o ex-presidente Lula (PT) cobra a paternidade da obra iniciada no seu governo e, em março, visitou a Paraíba para ‘reinaugurar’ o eixo leste. Até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de olho nas eleições de 2018, usa a transposição – ele visitou a obra por ter cedido através da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) conjunto de motobombas para fazer o projeto funcionar.

Marcando presença no empreendimento que deve ser inaugurado por ele, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, esteve em Tucutu há um mês, religando as bombas que foram inauguradas por Dilma dois anos antes. (Via: Blog do Jamildo)

Blog: O Povo com a Notícia