O juiz Sergio Moro deu prazo de
48 horas nesta sexta-feira (13) para a defesa do ex-presidente Lula entregar os
recibos originais de pagamentos de aluguéis do apartamento vizinho ao que Lula
mora em São Bernardo do Campo (SP).
O apartamento – que pertence ao empresário Glaucos da Costamarques – é um
dos pontos da acusação na ação que Lula responde sob suspeita de receber
propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno onde seria construída a
sede do Instituto Lula.
Moro considerou desnecessária uma audiência formal para a entrega dos
recibos.
"Os recibos deverão ser entregues na Secretaria deste Juízo e que os
acautelará para submetê-los a perícia caso seja de fato deferida", diz
trecho do despacho assinado por Moro.
Segundo a acusação do Ministério Público Federal, o apartamento teria sido
comprado com propina obtida por meio de contratos com a Petrobras.
Lula nega irregularidades e diz que quem cuidava do pagamento do aluguel
era sua mulher, Marisa Letícia, morta em fevereiro. Segundo o ex-presidente, os
pagamentos foram registrados em declarações do Imposto de Renda, tanto dele
quanto de Costamarques.
Em setembro, a defesa de Lula apresentou dois recibos referentes ao
pagamento de aluguel do apartamento com datas que não existem: 31 de novembro e
31 de junho.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que os erros não invalidam o
valor da documentação como prova.
OUTRO LADO
Em nota, a defesa de Lula se diz surpresa pelo fato de Moro não aceitar
uma audiência para a entrega dos documentos.
"Temos interesse no reconhecimento de que os documentos são
autênticos, como sempre afirmamos, e atendem a recomendação de entrega feita
pelo próprio juiz", diz o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins.
"Assim que formos intimados faremos a entrega dos recibos no prazo assinalado
e com as cautelas cabíveis".
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