Na
casa de um dos laranjas de Erik da Silva Ferraz, a PF diz ter encontrado US$
500 mil. Ferraz
usava identidade falsa e vivia como um empresário bem-sucedido
Uma operação da PF (Polícia
Federal) e PM (Polícia Militar), na manhã desta quinta-feira (7), em Maceió,
resultou na morte do foragido do sistema prisional de São Paulo Erik da Silva
Ferraz, 39, apontado por investigadores como um dos líderes do PCC (Primeiro
Comando da Capital) na região de São José dos Campos (SP).
O suspeito foi encontrado na mansão onde morava, em um condomínio de luxo
em Maceió. Segundo a PF, ele foi morto após ter resistido ao cumprimento do
mandado de prisão. Na casa de um dos laranjas dele, a PF diz ter encontrado US$
500 mil (R$ 1,64 milhão).
Baleado, Ferraz chegou a ser socorrido e levado para o Hospital Geral do
Estado, em Maceió, onde não resistiu aos ferimentos.
A operação Duas Faces foi
coordenada pela PF. A corporação afirmou que Ferraz era um líder do comando
nacional do PCC e conhecido como "Erik do Vale", uma referência ao
Vale do Paraíba, região onde fica São José dos Campos.
Segundo a PF, Ferraz estava Maceió para ter uma vida de luxo e praticar
crime de lavagem de dinheiro obtido no crime.
Uma fonte envolvida diretamente nas investigações do PCC em São Paulo
informou ao UOL que
Ferraz manteve cargo de chefia na facção criminosa. "É possível afirmar
que ele se manteve na alta cúpula do PCC nos últimos anos. No entanto,
atualmente, ele estaria afastado de suas funções", disse. A PF, porém, não
confirmou essa informação.
Identidade alterada: Em Maceió, Ferraz usava identidade falsa e vivia como um empresário
bem-sucedido e repleto de negócios, segundo a polícia.
Ele era responsável por empreendimentos conhecidos da capital alagoana,
como uma boate em bairro de classe alta, uma pizzaria e uma academia -- todas
foram alvo da operação nesta quinta.
Além dos empreendimentos usados para lavar dinheiro obtido em assaltos e
prática de homicídios, Ferraz tinha carros de luxo e levava uma vida de
ostentação em Maceió, onde adotou o nome de Bruno Augusto. A PF encontrou
também joias na casa dele.
Ao todo foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão, cinco de
prisão e três de condução coercitiva. Os nomes dos demais envolvidos não foram
revelados.
Sobre o dinheiro encontrado, a PF informou que "pela forma de
acondicionamento indica ter origem no exterior, talvez em contas existentes em
paraíso fiscal. A PF deverá rastrear a origem do numerário."
Conhecido da polícia: Ferraz é nome conhecido do crime em São Paulo, especialmente em São José
dos Campos. Em 2001, ele foi apontado pela polícia como o chefe de uma quadrilha que praticou o sequestro de uma
mulher chamada Alzira Bicudo.
À época, Ferraz também foi apontado como um dos líderes de grandes
assaltos, com ao avião da TAM no aeroporto de São José dos Campos, em 1996. O
dinheiro --R$ 6 milhões-- teria sido utilizado para financiar a criação do PCC.
No final de 2014, ele foi incluso pela polícia paulista na lista de
foragidos mais perigosos da região metropolitana de São José dos Campos -- era
condenado por homicídio e era foragido do sistema prisional. O UOL não conseguiu saber a data da fuga, nem o
presídio em que ele estava.
Ferraz era filho de João Aparecido Ferraz Neto, conhecido como "João
Cabeludo", condenado a 500 anos de prisão e que estava foragido e foi
preso na Bolívia e extraditado em julho. Cabeludo era um dos líderes da
distribuição de drogas pelo PCC na região de São José dos Campos.
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